domingo, 16 de outubro de 2011

Outra Branca que não é de neve...


Eu não sei por que, mas o seu rosto sempre me chamou a atenção. Tem qualquer coisa de Branca de Neve  ou Alice, um quê de personagem desenhada, planejada, colorida. Não é que seja a personificação da perfeição ou a encarnação de uma princesa encantada de contos de fadas, mas há qualquer coisa lá que parece habitar outro universo.
Seus olhos escuros, tão bem emoldurados por sobrancelhas marcantes, parecem sempre sorrir, com certa ironia, como se vissem alguma coisa que os outros não pudessem ver. Os lábios coloridos parecem um pingo de tinta num esboço em preto e branco. Ah! Que nada! Lá está seu nariz perfeito dando ao seu rosto um ar de certeza, de quem sabe para onde pretende ir. Um nariz que bem pode enfiar-se entre frestas de portas, como curioso que me parece.
É um tal de construir e desconstruir, que  a impressão que me causa é, ao mesmo tempo, querer marcar sua existência, como um risco em vermelho no meio de um padrão descorado, e passar despercebida, como uma pássaro ou uma borboleta passariam.
Sempre metida em cores neutras que parecem não interferir em sua própria cor. O verde oliva, o azul índigo, o preto. Ah! Claro! Tem sempre aquele detalhe vermelho brincando por ali. E postados no chão, seus pés, em seus calçados de batalha, às vezes pesados, às vezes delicados... Hoje, as botas e o meio termo.
Deve ser o cabelo ou a tez clara, mas quanto mais eu penso, mais me parece a tal Branca que era de neve.

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